quinta-feira, 28 de maio de 2009

O moto contínuo do câmbio


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O moto contínuo do câmbio


Começou mais uma rodada do moto contínuo do jogo da apreciação cambial. É o mesmo modelo, a manutenção do mesmo jogo especulativo, que levará aos mesmos resultados observados em todos os momentos em que o câmbio tornou-se competitivo: em 1999, em 2003 e agora.


A apreciação cambial permite lucros estrondosos para quem especula com dólar. Ganha na isenção de tributação para aplicar em títulos públicos, ganha nos juros, ganha na saída, ao converter os reais para dólares mais desvalorizados.


Quando a situação externa torna-se insustentável, saem em fuga do país. Para segurar os capitais o governo aumenta os juros. A desvalorização cambial melhora as contas, reduz a vulnerabilidade. Reduzindo, os capitais voltam para mais uma rodada de ganhos especulativos, preparando as bases para a próxima crise.


Confira esse jogo pernicioso, mortífero, que atrasou em anos e anos o desenvolvimento brasileiro, no artigo abaixo, que escrevi em agosto de 2003.


O "espetáculo do desenvolvimento"


artigo escrito em 23/08/2003


Especialmente a partir do plano Real, na era Fernando Henrique Cardoso-Pedro Malan, a economia brasileira tornou-se prisioneira do crescimento baixo. Em todo esse período, a teoria econômica dominante vendeu um peixe que jamais entregou. A idéia central era a da abertura cambial completa, sem nenhum empecilho ao livre trânsito de capitais. A abertura proporcionaria o seguinte movimento:


1. Em um primeiro momento, entrariam capitais especulativos, como se fossem batedores testando o terreno das novas economias.


2. À medida que a segurança fosse sendo testada, entrariam os capitais de médio prazo.


3. Consolidados os dois primeiros movimentos, o risco país diminuiria, as taxas de juros cairiam e viria capital de investimento abundante, trazendo o "espetáculo do desenvolvimento".


Nada disso ocorreu no período. A economia se viu prisioneira de crises cambiais sucessivas, que a submeteram a processos de stop-and-go, abortando planos de investimento das empresas, reduzindo o mercado interno e adiando indefinidamente o tal "espetáculo do desenvolvimento".


Nove anos depois, mesmo com nenhuma das promessas cumpridas, o modelo continua hegemônico, sendo implementado mecanicamente, a economia permanece parada, exposta a crises cambiais periódicas provocadas por qualquer solavanco da economia internacional ou da política interna.


Vamos explicar didaticamente os furos que estão por trás desse modelo para tentar comprovar que, sem a mudança do modelo, jamais se chegará ao desenvolvimento. O país perdeu oito anos e poderá perder mais quatro anos se nada for feito.


Há uma premissa a ser comprovada e uma tese a ser proposta:


A PREMISSA ao contrário do que diz o senso comum do mercado, capitais de investimento são incompatíveis com capitais voláteis.


A PROPOSTA para ...



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