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Coluna Econômica - 29/05/2009
Do final do século 19 a 1930 a economia brasileira patinou, porque foi colocada a reboque dos fluxos de capitais especulativos. Não havia controle sobre o câmbio. Períodos de câmbio favorável, por exemplo, permitiam a proliferação de pequenas indústrias substituindo os importados. No momento seguinte, a moeda brasileira se apreciava, provocando quebradeira geral.
O que levava o país a seguir uma lógica que estagnava a economia? Primeiro, o fantasma da inflação do "encilhamento" - que havia sido culpa dos capitais voláteis. Segundo, e principalmente, os lucros extraordinários proporcionados por operações de arbitragem desses capitais - que tomavam crédito em uma moeda para aplicar no país e depois saíam correndo ao menor sinal de perigo.
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Não mudou nada nos últimos 15 anos. Essa política antinacional foi praticada no governo Fernando Henrique Cardoso e prosseguiu no governo Lula.
A lógica é perversa, mas tem sido reproduzida a cada ciclo de crise externa ou internacional.
1. Primeiro, há uma apreciação do real e juros internos elevados. O capital externo chega, converte dólares em reais, aplica nas taxas de juros do Banco Central. Na hora da saída, com o real mais valorizado, ele tem um ganho adicional ao reconverter sua aplicação em dólares.
2. Esse processo leva a uma apreciação persistente do real, provocando aumento das importações, redução das exportações, rombo nas contas externas. Enquanto dá para manter, mantem-se o jogo especulativo.
Quando as contas externas entram na zona do perigo, os capitais voláteis saem na frente, acelerando a desvalorização da moeda. Até o fim dos anos 90, o Brasil ainda adotava a opção criminosa de contrair empréstimos do FMI, para reduzir a perda dos especuladores. Entrava o dinheiro do FMI, era vendido para os fundos especulativos que convertiam seus reais e saíam do país. Depois, o câmbio estourava, arrebentando com as contas públicas.
3. Quando esse capital especulativo saía, ocorriam dois processos simultâneos. Havia uma pressão sobre o câmbio e sobre os preços, levando o BC a aumentar os juros. Depois, a próprpia desvalorização cobrava um preço alto do país, na forma de desorganização do setor produtivo, mas ajudava a equilibrar as contas. Os capitais que tinham se mandado olhavam para trás. Percebiam que, com sua saída, a economia brasileira começava a se tornar menos vulnerável, ao mesmo tempo em que os juros se mantinham elevados (ou eram aumentados). Voltavam, então, para mais uma rodada especulativa, ganhando rios de dinheiro até a crise cambial seguinte.
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Esse ciclo aconteceu em 1999, repetiu-se em 2003. Em fins de 2007, as contas externas já prenunciavam uma nova crise cambial. A eclosão da crise mundial adiou o acerto de contas. As importações diminuíram, por conta da recessão. A China entrou inesperadamente no mercado, ajudando a uma certa recuperação nos preços das principais commodities. Com a crise internacional ainda não terminando, o BC já abriu espaço para uma nova rodada especulativa de apreciação do real.
O câmbio tornou FHC poderoso e liquidou com sua imagem perante a história. Poderá fazer o mesmo com o governo Lula.
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