sexta-feira, 29 de maio de 2009

O cassino do BC

Mais do Nassif sobre câmbio.

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/29/09

Coluna Econômica - 29/05/2009

Do final do século 19 a 1930 a economia brasileira patinou, porque foi colocada a reboque dos fluxos de capitais especulativos. Não havia controle sobre o câmbio. Períodos de câmbio favorável, por exemplo, permitiam a proliferação de pequenas indústrias substituindo os importados. No momento seguinte, a moeda brasileira se apreciava, provocando quebradeira geral.

O que levava o país a seguir uma lógica que estagnava a economia? Primeiro, o fantasma da inflação do "encilhamento" - que havia sido culpa dos capitais voláteis. Segundo, e principalmente, os lucros extraordinários proporcionados por operações de arbitragem desses capitais - que tomavam crédito em uma moeda para aplicar no país e depois saíam correndo ao menor sinal de perigo.
***

Não mudou nada nos últimos 15 anos. Essa política antinacional foi praticada no governo Fernando Henrique Cardoso e prosseguiu no governo Lula.

A lógica é perversa, mas tem sido reproduzida a cada ciclo de crise externa ou internacional.

1. Primeiro, há uma apreciação do real e juros internos elevados. O capital externo chega, converte dólares em reais, aplica nas taxas de juros do Banco Central. Na hora da saída, com o real mais valorizado, ele tem um ganho adicional ao reconverter sua aplicação em dólares.

2. Esse processo leva a uma apreciação persistente do real, provocando aumento das importações, redução das exportações, rombo nas contas externas. Enquanto dá para manter, mantem-se o jogo especulativo.

Quando as contas externas entram na zona do perigo, os capitais voláteis saem na frente, acelerando a desvalorização da moeda. Até o fim dos anos 90, o Brasil ainda adotava a opção criminosa de contrair empréstimos do FMI, para reduzir a perda dos especuladores. Entrava o dinheiro do FMI, era vendido para os fundos especulativos que convertiam seus reais e saíam do país. Depois, o câmbio estourava, arrebentando com as contas públicas.

3. Quando esse capital especulativo saía, ocorriam dois processos simultâneos. Havia uma pressão sobre o câmbio e sobre os preços, levando o BC a aumentar os juros. Depois, a próprpia desvalorização cobrava um preço alto do país, na forma de desorganização do setor produtivo, mas ajudava a equilibrar as contas. Os capitais que tinham se mandado olhavam para trás. Percebiam que, com sua saída, a economia brasileira começava a se tornar menos vulnerável, ao mesmo tempo em que os juros se mantinham elevados (ou eram aumentados). Voltavam, então, para mais uma rodada especulativa, ganhando rios de dinheiro até a crise cambial seguinte.

***

Esse ciclo aconteceu em 1999, repetiu-se em 2003. Em fins de 2007, as contas externas já prenunciavam uma nova crise cambial. A eclosão da crise mundial adiou o acerto de contas. As importações diminuíram, por conta da recessão. A China entrou inesperadamente no mercado, ajudando a uma certa recuperação nos preços das principais commodities. Com a crise internacional ainda não terminando, o BC já abriu espaço para uma nova rodada especulativa de apreciação do real.

O câmbio tornou FHC poderoso e liquidou com sua imagem perante a história. Poderá fazer o mesmo com o governo Lula.


 
 

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quinta-feira, 28 de maio de 2009

O moto contínuo do câmbio


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O moto contínuo do câmbio


Começou mais uma rodada do moto contínuo do jogo da apreciação cambial. É o mesmo modelo, a manutenção do mesmo jogo especulativo, que levará aos mesmos resultados observados em todos os momentos em que o câmbio tornou-se competitivo: em 1999, em 2003 e agora.


A apreciação cambial permite lucros estrondosos para quem especula com dólar. Ganha na isenção de tributação para aplicar em títulos públicos, ganha nos juros, ganha na saída, ao converter os reais para dólares mais desvalorizados.


Quando a situação externa torna-se insustentável, saem em fuga do país. Para segurar os capitais o governo aumenta os juros. A desvalorização cambial melhora as contas, reduz a vulnerabilidade. Reduzindo, os capitais voltam para mais uma rodada de ganhos especulativos, preparando as bases para a próxima crise.


Confira esse jogo pernicioso, mortífero, que atrasou em anos e anos o desenvolvimento brasileiro, no artigo abaixo, que escrevi em agosto de 2003.


O "espetáculo do desenvolvimento"


artigo escrito em 23/08/2003


Especialmente a partir do plano Real, na era Fernando Henrique Cardoso-Pedro Malan, a economia brasileira tornou-se prisioneira do crescimento baixo. Em todo esse período, a teoria econômica dominante vendeu um peixe que jamais entregou. A idéia central era a da abertura cambial completa, sem nenhum empecilho ao livre trânsito de capitais. A abertura proporcionaria o seguinte movimento:


1. Em um primeiro momento, entrariam capitais especulativos, como se fossem batedores testando o terreno das novas economias.


2. À medida que a segurança fosse sendo testada, entrariam os capitais de médio prazo.


3. Consolidados os dois primeiros movimentos, o risco país diminuiria, as taxas de juros cairiam e viria capital de investimento abundante, trazendo o "espetáculo do desenvolvimento".


Nada disso ocorreu no período. A economia se viu prisioneira de crises cambiais sucessivas, que a submeteram a processos de stop-and-go, abortando planos de investimento das empresas, reduzindo o mercado interno e adiando indefinidamente o tal "espetáculo do desenvolvimento".


Nove anos depois, mesmo com nenhuma das promessas cumpridas, o modelo continua hegemônico, sendo implementado mecanicamente, a economia permanece parada, exposta a crises cambiais periódicas provocadas por qualquer solavanco da economia internacional ou da política interna.


Vamos explicar didaticamente os furos que estão por trás desse modelo para tentar comprovar que, sem a mudança do modelo, jamais se chegará ao desenvolvimento. O país perdeu oito anos e poderá perder mais quatro anos se nada for feito.


Há uma premissa a ser comprovada e uma tese a ser proposta:


A PREMISSA ao contrário do que diz o senso comum do mercado, capitais de investimento são incompatíveis com capitais voláteis.


A PROPOSTA para ...



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sexta-feira, 22 de maio de 2009

As operações de carry trade

Entenda o Carry trade.

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/22/09

Uma das operações mais nefastas aceitas pelo Banco Central ao longo dos últimos anos foi o "carry trade".

Consiste no seguinte:

1. Fundos internacionais percebem diferenças entre os juros brasileiros e os internacionais.

2. Pegam, então, empréstimos em moedas com juros baixos e aplicam no Brasil.

3. Aqui, ganham duas vezes: com os juros internos (ou com a valorização das ações) e com a apreciação do real.

Confiram no exemplo da planilha.

1. O investidor pega US$ 1 milhão a 5% ao ano.

2. Converte em reais, com o dólar a R$ 2,30. Fica com R$ 2.300.000,00.

3. Depois, aplica na taxa Selic a 10%. Em um ano terá R$ 2.530.000,00.

4. Se o dólar cair para R$ 1.90, por exemplo, esse saldo será convertido para US $1,331,578.95.

5. Com 5% de juros ao ano, a dívida inicial estará em US$ 1.050.000,00. O saldo permitirá quitar o financiamento e proporcionar um lucro de US$ $281,578.95. Bastando, para tanto, que o investidor tenha crédito. Nem seu próprio capital ele precisará colocar.

Quando a Selic estava a 25% ao ano, supondo as taxas internacionais a 8% ao ano, o lucro do especulador era de US $433,157.89 para cada US$ 1 milhão que tomou emprestado.

Todo esse custo, no fundo, era debitado para o Tesouro Nacional. Ou seja, para os contribuintes. E embolsado pelos mesmos investidores que deblateram diariamente contra os gastos do Bolsa Família.

Use a planilha para brincar um pouco com esses números trágicos.


 
 

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As variações no pecúlio

Poupança e aposentadoria + juros compostos.... do Blog do Nassif

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/22/09

Coluna Econômica - 22/05/2009

Muitas vezes se fala em investimento, poupança, pecúlio para a aposentadoria mas, em geral, há pouca sensibilidade para os efeitos dos juros e da poupança em relação aos benefícios futuros.

Vamos a alguns exemplos para perceber como, para prazos longos, os menores movimentos e valores afetam os resultados.

Mudando o valor poupado

Situação 1 – alguém que consegue poupar R$ 500,00 por mês durante 120 meses. Depois, pretende sacar mensalmente uma quantia que lhe garanta 120 meses de benefícios. Levando em conta apenas os juros da poupança (6, 17% ao ano), conseguiria tirar R$ 904,00 por mês pelos 120 meses seguintes.

Situação 2 – se aumentar a poupança para R$ 600,00, poderá sacar R$ 1.084,00 mensais.

Mudando os juros

Situação 3 – agora, imagine que os juros aumentem para 8% ao ano. O valor do benefício subirá de R$ 904,00 para R$ 1.073,00 no primeiro exemplo; e de R$ 1.084,00 para R$ 1.287,00 no segundo exemplo.

Situação 4 – compare o que aconteceu nesses períodos de taxas de juros absurdamente elevadas. A 15% ao ano, o valor do primeiro benefício saltaria de R$ 904,00 para R$ 2.000,00. O do segundo, de R$ R$ 1.084,00 para 2.399,00.

Repare que, nesses anos todos, tungou-se os aposentados do INSS, reduzindo os benefícios para poder atender aos investidores em títulos públicos. Pelos valores envolvidos, dá para se ter uma ideia da lambança que ocorreu nesses anos todos com dinheiro público.

***

Mudando os prazos

Agora, confira que absurdo. Suponha alguém que tenha contribuído 35 anos para a Previdência. Começou aos 20, aposentou-se aos 55. Depois, teve mais 25 anos aposentado. Para cada R$ 100,00 de contribuição, capitalizado a 6,15% ao ano, teria direito a R$ 908,00 de benefícios.

***

A Previdência brasileira é pelo sistema de solidariedade e repartição. Ou seja, o valor que as pessoas contribuem, hoje, servem para bancar os direitos dos que contribuíram no passado.

Em todo início de sistema, quem contribui é maioria. Com o tempo, as pessoas vão envelhecendo, aumenta o contingente dos aposentados e a contribuição dos que estão na ativa não dá mais conta. Caso tivesse havido a capitalização, os juros acumulados bancariam a diferença.

***

No início dos anos 90, um grupo de pessoas – entre as quais me incluía – tentou convencer sucessivos governos a utilizar os recursos da privatização para equacionar o déficit da Previdência. O desafio consistia em acumular um saldo que garantisse os direitos adquiridos de quem já estava contribuindo, permitindo optar pelo sistema. Haveria um desafogo da previdência oficial, permitindo garantir o conjunto dos contribuintes remanescentes.

***

Na época, sugeria-se que fossem criados títulos da dívida social, que o governo trocaria por direitos ou dos contribuintes da Previdência ou dos optantes do FGTS, ou ainda do PIS-Pasep. Com esses títulos, seriam constituídos fundos que participariam do processo da privatização. Haveria a democratização do capital.

Foi em vão. Os interesses de grupos ligados aos esquemas de poder falaram mais forte.


 
 

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Sensacional

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/20/09

Vou inaugurar uma Categoria nova no Blog, a Matemática Financeira, para os leitores chegados nos números. Nos anos 80, o Guia Financeiro e a seção Dinheiro Vivo na Folha ajudou a formar uma geração em matemática financeira.

Agora estou retornando aos poucos ao tema.

Um tema interessante é o da precificação de ativos de empresas - isto é, a forma de definir o valor de uma empresa.

Há dois métodos principais.

1. O fluxo de caixa descontado.

Pega-se o fluxo de caixa de uma empresa durante determinado período e traz-se a valor presente de acordo com uma determinada taxa de desconto. Se for uma empresa madura, de setor tradicional, a taxa de desconto é menor, porque é mais fácil acertar o fluxo futuro. Se for de setor mais volátil, a taxa de desconto é maior, para compensar o risco (quanto maior a TD, menor o valor presente do investimento).

2. O múltiplo do EBITDA (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização). Pega-se o EBITDA e multiplica-se pelo que o mercado considera seja um múltiplo para o setor.

Vamos à questão agora.

Clique aqui para ir até uma planilha do Google Docs: clique aqui.

Ali montei um fluxo de caixa simples.

Na tabela principal estão as seguintes colunas:

Mês

EBITDA - que começa negativo em -100, depois melhora +10 por mês.

Múltiplo - o EBITDA acumulado dos 12 meses anteriores vezes o múltiplo.

Maior valor negativo - o acumulado do saldo de caixa negativo até atingir o equilíbrio de caixa. Esse valor determinará o investimento necessário.

Nas tabelas da direita, as variáveis utilizadas:

EBITDA: o primeiro valor da série, no caso -100

Aumento mensal: de quanto será a melhoria mensal do EBITDA

TIR: a Taxa Interna de Retorno estimada. No exemplo, 10% ao ano.

TIR mês: a taxa anual mensalizada.

Múltiplo: no exemplo, 10 vezes o EBITDA.

A precificação

Usei dois métodos:

Método 1 - o fluxo de caixa descontado, convencional. Ou seja, trazendo o fluxo de cada mês a valor presente pela TIR adotada.

Método 2 - estima-se o valor da empresa a cada mês, multiplicando o fluxo de caixa acumulado nos últimos 12 meses pelo múltiplo estimado. Traz-se a valor presente pela TIR adotada.

Por exemplo, o valor da empresa no 24o mês será de 7.700 ( o saldo dos últimos 12 meses vezes o múltiplo) dividido por 1,08 (o TIR mensal) elevado a 24.
Resultados

Para prazos de 24 meses o valor presente líquido será:

Método 1 - R$ 244,00

Método 2 - 6,634,00

Para prazos de 36 meses:

Método 1 - R$ 2.072

Método 2 - R$ 15.702
Por que considero o Método 2 mais correto?

Ele tem dois momentos:

Momento 0: do desembolso

Momento 1: o valor da empresa depois de completada a curva de crescimento.

Como o investidor não terá dividendos mensais, e como a fase inicial é de saldo negativo, o correto é saber o valor do investimento e o valor estimado do ativo após determinado prazo. Ou seja, o valor do investimento feito e o valor do realizado.

O mercado em geral utiliza o primeiro método. Tenho para mim que o correto é o segundo.


 
 

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Sensacional

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/20/09

Vou inaugurar uma Categoria nova no Blog, a Matemática Financeira, para os leitores chegados nos números. Nos anos 80, o Guia Financeiro e a seção Dinheiro Vivo na Folha ajudou a formar uma geração em matemática financeira.

Agora estou retornando aos poucos ao tema.

Um tema interessante é o da precificação de ativos de empresas - isto é, a forma de definir o valor de uma empresa.

Há dois métodos principais.

1. O fluxo de caixa descontado.

Pega-se o fluxo de caixa de uma empresa durante determinado período e traz-se a valor presente de acordo com uma determinada taxa de desconto. Se for uma empresa madura, de setor tradicional, a taxa de desconto é menor, porque é mais fácil acertar o fluxo futuro. Se for de setor mais volátil, a taxa de desconto é maior, para compensar o risco (quanto maior a TD, menor o valor presente do investimento).

2. O múltiplo do EBITDA (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização). Pega-se o EBITDA e multiplica-se pelo que o mercado considera seja um múltiplo para o setor.

Vamos à questão agora.

Clique aqui para ir até uma planilha do Google Docs: clique aqui.

Ali montei um fluxo de caixa simples.

Na tabela principal estão as seguintes colunas:

Mês

EBITDA - que começa negativo em -100, depois melhora +10 por mês.

Múltiplo - o EBITDA acumulado dos 12 meses anteriores vezes o múltiplo.

Maior valor negativo - o acumulado do saldo de caixa negativo até atingir o equilíbrio de caixa. Esse valor determinará o investimento necessário.

Nas tabelas da direita, as variáveis utilizadas:

EBITDA: o primeiro valor da série, no caso -100

Aumento mensal: de quanto será a melhoria mensal do EBITDA

TIR: a Taxa Interna de Retorno estimada. No exemplo, 10% ao ano.

TIR mês: a taxa anual mensalizada.

Múltiplo: no exemplo, 10 vezes o EBITDA.

A precificação

Usei dois métodos:

Método 1 - o fluxo de caixa descontado, convencional. Ou seja, trazendo o fluxo de cada mês a valor presente pela TIR adotada.

Método 2 - estima-se o valor da empresa a cada mês, multiplicando o fluxo de caixa acumulado nos últimos 12 meses pelo múltiplo estimado. Traz-se a valor presente pela TIR adotada.

Por exemplo, o valor da empresa no 24o mês será de 7.700 ( o saldo dos últimos 12 meses vezes o múltiplo) dividido por 1,08 (o TIR mensal) elevado a 24.
Resultados

Para prazos de 24 meses o valor presente líquido será:

Método 1 - R$ 244,00

Método 2 - 6,634,00

Para prazos de 36 meses:

Método 1 - R$ 2.072

Método 2 - R$ 15.702
Por que considero o Método 2 mais correto?

Ele tem dois momentos:

Momento 0: do desembolso

Momento 1: o valor da empresa depois de completada a curva de crescimento.

Como o investidor não terá dividendos mensais, e como a fase inicial é de saldo negativo, o correto é saber o valor do investimento e o valor estimado do ativo após determinado prazo. Ou seja, o valor do investimento feito e o valor do realizado.

O mercado em geral utiliza o primeiro método. Tenho para mim que o correto é o segundo.


 
 

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segunda-feira, 18 de maio de 2009

A CPI da Petrobras e o tiro no pé dos tucanos

Do blog Biscoito Fino sobre a petrobras e o PSDB.

 
 

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bessinha09876.jpg Cena 1. Belo Horizonte, 17 de maio de 2009, churrasco de classe média. Surge o tema Petrobras. As diatribes se repetem com tremenda virulência: E essa roubalheira na Petrobras?, e esse cabide de empregos da Petrobras?, e por que a gasolina não é mais barata? Um dos presentes aproveita uma brecha e lança a pergunta: pessoal, qual era o valor de mercado da Petrobras em 2002 e qual é o valor dela hoje? Silêncio sepulcral. Não tinham sequer um número para chutar. Sentindo que havia encaixado um jab, o visitante incômodo lança mais uma pergunta: pessoal, como se chama mesmo o presidente da Petrobras? Outro silêncio desconfortável de uns 20 segundos. Com duas simples perguntas, desnudava-se a ignorância da República Morumbi-Leblon-Belvedere, eterna repetidora dos factoides Globo-Veja. O visitante incômodo decide não tripudiar e deixa que o silêncio faça seu trabalho.

Cena 2. Belo Horizonte, 15 de maio de 2009. Algumas horas antes da aprovação da CPI da Petrobras, o humilde zelador de um prédio ajuda um professor universitário expatriado a recarregar a bateria de seu Escort, parado há meses. Conversa vai, conversa vem, o zelador dispara: Professor, esses caras aí que estão implicando com a Petrobras não são os mesmos que queriam vender ela uns tempos atrás? Confirmando, ao ouvir essa pergunta, que o poder de manipulação da mídia brasileira é cada vez menor, o dono do Escort retruca: Sim, seu Damasceno, são os mesmos filhos da puta que queriam vendê-la.

Em janeiro de 2003, na transição de FHC para Lula, o valor de mercado da Petrobras era 15 bilhões de dólares. José Eduardo Dutra assumiu então a presidência, deixando a empresa em junho de 2005 com um valor de mercado de 54 bilhões. Em 2006, já sob a presidência de Sergio Gabrielli, o valor da Petrobras era 70 bilhões. Em novembro de 2007, a Petrobras valia 222 bilhões de dólares.

Em 2006, o Brasil alcançou a autossuficiência em petróleo e a Petrobras bateu o recorde latinoamericano de lucros. Em 2007, realiza-se no Brasil a maior descoberta petrolífera do planeta nos últimos 30 anos. Em 2008, a Petrobras já era a terceira mais lucrativa da América. Em 07 de maio de 2009, 8 dias antes dos tucanos aprovarem sua CPI, a Petrobras havia saltado do octogésimo-terceiro para o quarto lugar entre as empresas mais respeitadas do mundo. tucano_brax.jpg

Os tucanos não conseguiram privatizar a Petrobras, mas conseguiram quebrar o monopólio estatal, com a famigerada lei 9.478/97. Os que têm idade suficiente para se lembrar de 1995 recordarão a intensa campanha de difamação de que a estatal foi vítima, incluindo-se, claro, a indefectível "reportagem" da Veja, com 10 páginas de calúnias que não respeitaram sequer o direito de resposta, mesmo como matéria paga. Em 1999, FHC substituiu seis diretores da Petrobras no Conselho de Administração por seis conselheiros do setor privado, em mais uma tentativa de preparar o terreno para a privatização. Além de quebrar o monopólio estatal, a gestão tucana vendeu 36% das ações da Petrobras na Bolsa de Nova York por menos de 10% do seu valor real. Fixou a participação da União na produção de petróleo entre 10% e 40%, enquanto os países exportadores têm a média de 84% de participação. As informações contidas neste parágrafo estão disponíveis na leitura que o Biscoito mais enfaticamente recomenda sobre o assunto, a entrevista do presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, Fernando Siqueira, concedida em janeiro, na qual ele já previa o rumo dessa campanha entreguista.

Não gosto de fazer previsões em política, mas acho que o PSDB acaba de dar o maior tiro no pé da sua curta história. A Petrobras ocupa, no imaginário do povo brasileiro, um lugar incomparável ao de qualquer outra estatal, mesmo o Banco do Brasil. Temos orgulho dela. Fizemos, faz muito pouco tempo -- 50 anos, em história, não é nada --, uma campanha gigantesca para defender nosso petróleo. O PSDB, de olho nas eleições – e o papel de um partido político é ficar de olho nas eleições, não há nada de errado nisso –, acaba de criar as condições para ser definitivamente associado ao entreguismo. Nessa marcha, a expressão social democracia na sigla tucana soará tão irônica como o novo nome escolhido pelas oligarquias pefelês para sua agremiação. A pergunta do Seu Damasceno, feita enquanto ele me ajudava com a bateria do carro, me encheu de esperanças e energias. A política vale a pena. É o nosso patrimônio que está em jogo.



PS 1: Um blogueiro que muito admiro, Alon Feuerwerker, sugere, em seu mais recente post, que CPIs são instrumentos de luta política, que pouco têm a ver com motivos reais. Corretíssimo. Alon também sugere que, estivessem invertidos os papeis, o PT assinaria o requerimento de CPI. Talvez. Mas o fato inconteste é que há um conjunto de forças políticas que trabalharam e trabalham pela privatização do patrimônio público. E há um outro conjunto que, com todos os problemas, têm mantido e ampliado esse patrimônio. Confio que essa importantíssima diferença não passará despercebida à sagaz inteligência de Alon, que assina um blog cujo lema é um ponto de vista democrático, nacional e de esquerda.

PS 2: O blogueiro Eduardo Guimarães, do Movimento dos Sem Mídia, está articulando um protesto em frente à sede do PSDB em São Paulo. Esse protesto terá a colaboração e o apoio d' O Biscoito Fino e a Massa.

PS 3: As charges vêm, respectivamente, daqui e daqui.


 
 

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sábado, 16 de maio de 2009

Uma CPI que envergonha

Entenda a estratégia tributária adotada pela Petrobras, por luiz Nassif.

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/16/09

Coluna Econômica - 15/05/2009

Em seus tempos de oposição, o PT se valia do instrumento das CPIs para tentar desestabilizar o governo, especialmente depois que a desvalorização cambial liquidou com a blindagem política de Fernando Henrique Cardoso.

Lula eleito, PT no poder, o último partido a se integrar ao jogo político, pensava-se que se chegaria à maturidade. Ledo engano. O que o PSDB está aprontando com sucessivos pedidos de CPI envergonham o jogo político. Essa CPI da Petrobrás servirá apenas para atrapalhar a empresa, em um momento em que anuncia investimentos no pré-sal que correspondem a um quarto de todo o investimento do governo chinês para recuperar a economia chinesa.

***

A Petrobrás seguiu uma estratégia tributária legítima, a partir de uma Medida Provisória editada em 1999, logo após a maxidesvalorização do real.

Imagine uma operação de câmbio de dois anos, contratada no primeiro semestre do ano passado. Começa com um câmbio a R$ 1,60. Em dezembro, o câmbio vai a R$ 2,30, mas a operação continua, só será liquidada muito tempo depois. Hoje, essa mesma operação seria registrada com o câmbio a R$ 2,10. Daqui a alguns meses poderá estar a R$ 2,30 ou R$ 1,80.
Enquanto não liquida a operação, a empresa não sabe se ganhou ou perdeu.

O mesmo acontece com investimentos no exterior. Se a empresa tem ativos no exterior (fábricas, investimentos) o valor do investimento é convertido em reais, pela cotação de fechamento do câmbio. Se o câmbio se desvaloriza, digamos, 20%, o valor dos ativos será declarado por 20% a mais, em reais. A operação continuou a mesma, a geração de caixa a mesma, mas para efeito de balanço, parecia que a empresa teve um lucro equivalente ao aumento de 20% de seus ativos.

***

A MP editada em 1999, depois ratificada em 2001 - em pleno governo FHC - visava justamente desonerar as empresas de ganhos não reais, artificiais. Ela permitia às empresas optarem no balanço pelo conceito de competência ou de caixa - o de caixa mede apenas o que entra ou sai efetivamente do caixa.

***

Aí entram as interpretações discrepantes. A Receita diz que a opção deve ser no início do exercício fiscal - no caso, 1o de janeiro de 2008. Uma linha de tributaristas julga que pode-se fazer a opção no final do exercício, por uma razão muito simples. Se a opção é para evitar impactos artificiais do câmbio, como é que no início do ano vai-se saber o que ocorrerá com o câmbio no decorrer do ano?

Há várias instâncias de discussão, no âmbito do Conselho dos Contribuintes, da Justiça, em suas diversas instâncias. Como tantas discussões fiscais que ocorrem entre empresas e Fisco.

***

Outro ponto de manipulação do noticiário foi o de que o total de redução do imposto pago chegou a R$ 4 bi. Não é verdade. Desse total, R$ 2 bilhões se referem a juros sobre capital (uma remuneração sobre o capital próprio que pode ser abatido dos resultados.

Como a Petrobrás tem passivos e ativos em dólares, a conta final chega a R$ 1 bi. Jamais a R$ 4 bi.

Em qualquer hipótese, não poderia servir de álibi a uma CPI que visa apenas prejudicar o país, em nome de interesses políticos menores.


 
 

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sexta-feira, 15 de maio de 2009

A marcha dos insensatos

O DEM Uniu-se ao PT para tentar evitar a CPI da Petrobras. O PSDB (odeio) está tentando cria-la a todo custo. Sinal dos tempos.

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/15/09

De O Globo

PSDB consegue fazer a leitura do requerimento da CPI da Petrobras

Publicada em 15/05/2009 às 09h59m

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA - O PSDB conseguiu garantir na manhã desta sexta-feira a leitura do requerimento de abertura da CPI da Petrobras, para apurar irregularidades nas licitações da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, na distribuição de royalties e na contabilidade tributária, para deixar de pagar R$ 4,3 bilhões em impostos. O vice-presidente do Senado, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), abriu a sessão no Senado e leu, junto com outros dois senadores, o pedido de abertura da comissão.

Com a leitura do requerimento de abertura da CPI da Petrobras, os 32 senadores que assinaram o pedido têm até meia-noite para retirar seu apoio. Se forem mantidas ao menos 27 assinaturas, será aberto o prazo para que os líderes indiquem representantes e a comissão de investigação será instalada.

Leia também: Gabrielli diz que CPI pode 'imobilizar' a Petrobras.

Na noite de quinta-feira, uma reunião dos líderes, sem a presença do líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), tinha adiado a leitura por duas semanas e convocado o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a depor no Senado sobre as irregularidades.

Noblat: microfones desligados para impedir a CPI

Mas a estratégia comandada pelo governo, com o apoio do DEM, abriu uma crise na oposição, já que os tucanos se rebelaram contra a decisão do colégio de líderes e cobraram, no fim da tarde, a instalação da CPI.

O líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), chegou a promover uma reunião no início da tarde de quinta-feira entre Gabrielli e a cúpula tucana. Mercadante reiterou os argumentos que havia levado à bancada do PSDB na véspera, alegando que uma investigação sobre a Petrobras poderia comprometer o desempenho da segunda maior empresa de petróleo do mundo, com faturamento de R$ 240 bilhões, 55 mil contratos e 850 mil postos de trabalho diretos.

Entretanto, depois de mais uma hora de conversa com os tucanos, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), Virgilio e o senador Tasso Jereissati (CE) seguiram para o plenário dispostos a cobrar a leitura do requerimento de criação da CPI.

- Autorizamos o senador Álvaro Dias a coletar assinaturas para a criação da CPI da Petrobras. Precisávamos de 27 assinaturas, conseguimos 32. Portanto, não há outra alternativa a não ser ler esse requerimento - solicitou Virgilio.


 
 

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As mudanças na poupança

Mais esclarecimentos sobre as novas regras da poupança, por Luiz Nassif.

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/15/09

Coluna Econômica - 15/05/2009

A mudança na tributação da caderneta de poupança visou impedir uma revoada de recursos dos fundos de investimento, quando a taxa Selic baixar mais ainda. Hoje em dia a maior parte das contas é de pequenos poupadores, que formam um colchão estável, permitindo a concessão de financiamentos de longo prazo. Não seria oportuno revoadas de capitais especulativos entrando e saindo da poupança. As mudanças passam a taxar as grandes aplicações – justamente as que procuram mais os fundos de investimento e papéis privados.

Por outro lado, a decisão beneficia claramente as instituições que administram recursos de terceiros. A remuneração do investidor é dada pela valorização da carteira de papéis menos a taxa de administração. Em geral, tais taxas deveriam ficar em 0,5% ao ano sobre o patrimônio. Nos últimos tempos, aumentaram para 1,5%.

Com os juros caindo e a competição da poupança, os administradores seriam obrigados a reduzir suas taxas de administração. Com o refresco dado pelo governo, poderão se apropriar do diferencial aberto.

***

A rigor, a lógica da nova tributação da poupança é a seguinte:

  1. Suponha que o saldo na poupança seja de R$ 50.000,00 e a TR mensal de 0,03%. Haverá um crédito de R$ 15,00 de correção monetária. Depois, sobre o total (50.015,00) aplica-se o 0,5% de juros. Serão R$ 250,08.
  2. Desse total, abatem-se R$ 250,00 da faixa de isenção. Não sobre nada. Ou seja, não haverá tributação.

Agora imagine um outro exemplo, de R$ 100.000,00 de saldo de poupança.

  1. A TR de 0,03% equivalerá a R$ 30,00 de CM. Os juros de 0,5% incidirão sobre a soma do principal mais CM (R$ 100.030,00). Vai dar R$ 500,15.
  2. Desse total, abatem-se os R$ 250,00. Sobrarão R$ 250,15.
  3. Sobre esse total, aplica-se um redutor, que acompanhará a taxa Selic. Se a Selic estiver em 9%, por exemplo, o redutor será de 70%. Aplicando-se sobre os 250,15, os 30% restantes equivalerão a R$ 75,05. Esta será a parte tributável.
  4. Somando todas as parcelas mensais tributáveis, chega-se ao final do ano com um total de R$ 954,00 a serem oferecidos à tributação.
  5. Se o poupador estiver na alíquota máxima, de 27,5%, pagará R$ 262,34 de Imposto de Renda, para R$ 6.710,00 de juros acumulados que recebeu no período. Na prática é como se a remuneração anual da poupança caísse de 7,1% para 6,8%. Essa é a maior queda na remuneração da poupança, para pessoas da última alíquota da tabela do IR.

***

Na hora do cálculo do IR, os juros serão somados aos rendimentos do aplicador. Se ele ganhar salário mensal até R$ 1.300,00, não pagará imposto. Se seu salário for de até R$ 2.000,00, no exemplo acima, o IR devido (pela aplicação na poupança) será de R$ 71,00.

***

Apesar desses problemas, dessa complexidade, há um fato novo no ar. O Banco Central foi demovido de sua teimosia em não reduzir a taxa Selic. Ela irá despencar. Se o governo fizer uma boa ofensiva sobre a ponta do crédito, reduzindo tributação mas também obrigando os bancos a reduzir o spread, o país poderá ingressar em uma etapa inédita de crescimento, capaz de repetir os números dos anos 70.


 
 

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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Cidade que me faz mal.

Do sempre contundente, Paulo Henrique Amorim. Concordo com ele. Aliás, desde que me mudei de volta para SP, já pegeui 2 gripes fortissimas. Cidade corrupção, poluição e pretensão.

São Paulo dos tucanos 
teve uma noite de Rio

14/maio/2009 9:02

Ele é a cara de São Paulo

Ele é a cara de São Paulo

. Faz parte da ideologia tucana de São Paulo, expressa no PiG (*), satanizar o Rio.

. O Rio é mais pobre.

. O Rio tem mais negros.

. O Rio é populista, onde o Lula vence a eleição com 80% dos votos.

. No Rio, a favela fica encravada nos bairros da Zona Sul – e, portanto, à mostra.

. O Rio foi capital federal, fica à beira mar, no porto, e é mais cosmopolita.

. O Rio enxerga o Brasil, quando se vira para cima ou para baixo.

. São Paulo não vê o mar.

. Quando São Paulo se tornou metrópole, o Rio já tinha deixado de ser.

. São Paulo não tem identidade.

. Quem fala, canta São Paulo ?

. São Paulo muda de bairro a cada dez anos, e destrói o que fica para trás.

. A educação em São Paulo é uma das piores do Brasil.

. A imprensa de São Paulo é uma das piores do mundo.

. São Paulo é elitista e sua elite, separatista – São Paulo não pensa o Brasil, dizia o dr. Tancredo.

. O Trópico de Capricórnio corta São Paulo ao meio e São Paulo pensa que mora em Milão.

. Só em São Paulo os tucanos mandam no pedaço.

. No Rio, o último tucano aderiu.

. O deputado federal mais votado de São Paulo é Paulo Maluf.

. São Paulo pensa em São Paulo – e acha que São Paulo contém todo o Brasil.

. O que é bom para São Paulo é bom para o Brasil …

. Onde se vende mais automóvel – no Rio ou em São Paulo ?

. Onde se vende mais CD da Ivete Sangalo ? – no Rio ou em São Paulo ?

. Onde se vende mais Viagra – no Rio ou em São Paulo ?

. E o PiG (*) vem me dizer que no Rio se vende mais cocaína do que em São Paulo …

. O que se viu ontem na cidade de São Paulo, uma batalha campal entre a polícia tucana – irremediavelmente inepta - e os traficantes é uma cena corriqueira.

Clique aqui para ler

. O tráfico manda na periferia de São Paulo.

. Só que o tráfico de São Paulo habita em Soweto.

. A elite branca não vê.

. O tráfico de São Paulo se organiza da cadeia, é o PCC.

. Em nenhuma outra cidade do mundo o crime se organiza DENTRO da cadeia.

. Em São Paulo, sim.

. O que aconteceu ontem em São Paulo foi a exacerbação de uma rotina – a batalha diuturna entre o tráfico e a PM.

. Isso, quando a coisa fica feia, sai na televisão, e a Polícia de São Paulo resolve combater o tráfico.

. O especialista na matéria, o colombiano Abadia, disse que a melhor maneira de combater o tráfico em São Paulo era fechar a delegacia de combate ao trafico.

. O drama da contaminação das comunidades pobres pelo trafico é um fenômeno que invadiu as metrópoles brasileiras.

. São Paulo não é melhor nem pior.

. Provavelmente é pior.

. Só que faz de conta que é melhor.

. E pensa que ilude o resto do Brasil.

Paulo Henrique Amorim

(*)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista


domingo, 10 de maio de 2009

Malan homenageia a mãe do ano



 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/10/09

É curioso o artigo do ex-Ministro Pedro Malan, no Estadão de hoje, sobre a crise internacional.

Muitas de suas críticas cabem como uma luva à sua condução da política econômica no período 1994-1999.

Diz ele:

Respostas à crise - nós e os outros

(….) O que importa é que todos reconhecem hoje os elementos fundamentais da excessiva complacência que levou à situação atual e que tinha, a meu ver, quatro pilares, os três primeiros amplamente debatidos. O quarto, não, e foi dali que vieram, infelizmente, as graves e lamentáveis surpresas desta crise e do pânico que gerou.

O primeiro pilar de complacência foi erigido sobre a suposta sustentabilidade de um padrão de desequilíbrios globais, sem redução dos gastos domésticos (e/ou depreciação cambial) nos principais países deficitários (EUA, mas também Inglaterra, Espanha, Austrália, França, Itália), e aumento da demanda doméstica e/ou apreciação cambial nos principais países superavitários (China, Japão, Alemanha, Rússia, Noruega, Arábia Saudita). Como disse Herbert Stein, "se uma situação não pode ser sustentada, ela não o será".

Todo o dilema do período 94-99 repousava nessa loucura. Se há um desequilíbrio externo crescente, cria-se uma situação insustentável. Ou se jogava o país em uma recessão braba ou se desvalorizava o câmbio. Malan permitiu que a situação explodisse em 1999 praticando uma política econômica em que o único agente era a política monetária do BC.
O segundo pilar estava ligado ao fato de que o endividamento "como nação", a que se refere Geithner, era tanto a dívida externa dos EUA quanto sua contrapartida doméstica, isto é, o endividamento crescente das famílias norte-americanas (e inglesas, e espanholas, e…) em relação à sua renda, contando com a valorização permanente dos ativos que adquiriram com o seu endividamento.

Justamente o modelo utilizado pelo Brasil para atrair capital especulativo em todo esse período do governo FHC e do governo Lula: a perspectiva (insustentável) da valorização eterna dos ativos, pela apreciação cambial.

O terceiro foi uma confiança, que se mostrou enganosa, no papel do Fed e de outros bancos centrais de reagir ao estouro de bolhas nos mercados imobiliários ou de ações por meio de abruptas e expressivas reduções de taxas de juros. Afinal, havia sido assim em outubro de 1987, em setembro/outubro de 1998 e após setembro de 2001.

Que confiança enganosa? Depois que a crise estourou, havia dois caminhos: ou a estatização de parte relevante do sistema bancário (o que teria abreviado a crise) ou a redução dos juros + aumento da liquidez internacional.

No quarto pilar, há culpas de governos: a aterrorizadora descoberta de que seus "balcanizados" sistemas de regulação e supervisão de instituições financeiras haviam fracassado em detectar problemas sérios de risco sistêmico. E há culpas do setor privado. Como escreveu Paul Volcker, "dito de maneira direta, o brilhante novo sistema financeiro, a despeito de todos os seus talentosos participantes e de todas as suas ricas recompensas, fracassou no teste de mercado".

O que ocorreu com o câmbio em 1999, senão a confiança cega, até o limite da ruptura, de que o BC conseguiria administrar as pressões externas.

Passados quase oito meses, os tesouros e os bancos centrais dos países desenvolvidos foram capazes - a um custo presente e futuro elevado para seus contribuintes - de conter o pânico, apagar os principais focos de incêndio e transmitir afinal à opinião pública e aos mercados a ideia de que tinham entendido a situação e de que sabiam o que fazer para a superação da crise, cujas consequências estarão experimentando em termos de desemprego ainda crescente neste ano e em parte de 2010.

Não entendi. Que tipo de ação foi empreendida pelos BCs para conter o pânico? Uma delas foi redução de juros; outra, injeções de liquidez; uma terceira, garantia aos correntistas. Malan critica topicamente a redução dos juros e elogia genericamente as medidas dos BCs. Como assim?

No Brasil não temos problemas sérios em nenhum dos quatro pilares da excessiva complacência que levou os países desenvolvidos à grave recessão que ora enfrentam. Não temos problemas graves em nossas contas externas que exijam dramáticos ajustes de curto prazo. Não tivemos, e não temos, bolhas imobiliárias e crises de crédito derivadas de empréstimos de alto risco a famílias e empresas sem condições de pagá-los. Não temos, de forma complacente, a percepção de que basta o Banco Central reduzir juros nominais para evitar qualquer crise.

Malan comete um sofisma típico do pensamento latino-americano. Redução dos juros é condição necessária mas não suficiente. Ele usa "não suficiente" para minimizar a condição necessária. Adapta-se bem a certos manuais sobre o pensamento do continente, que o próprio Malan gosta de divulgar.

Por último, mas não menos importante, resolvemos os problemas sérios de solvência no nosso sistema financeiro privado e público há mais de uma década, com o Proer e o Proes, tão violentamente combatidos pela barulhenta oposição da época.

Mas creio haver entre nós um excesso de complacência, de natureza distinta das complacências dos desenvolvidos, que tem que ver com a ideia - que eles não têm - de que a grave crise atual teria demonstrado o fracasso dos mecanismos de mercado e a necessidade de um "novo paradigma teórico" que restabeleça o papel do Estado não só na superação da crise, mas como agente principal do desenvolvimento econômico sustentado, o demiurgo de um "outro mundo" que a crise teria tornado possível, desejável - e necessário.

Há, por certo, muito o que fazer, mas como notou, e muito corretamente, o ilustre ministro Delfim Netto (explicando "de onde não virá a nova reencarnação keynesiana"), "não precisamos de um Estado ?maior?, como querem os novos arquitetos, mas de um Estado ?melhor?"! Estou certo de que o ministro Delfim entende um Estado "melhor" como um Estado indutor eficaz, capaz de criar as condições para que o "ânimo vital" dos empresários privados possa expressar-se em termos de suas decisões de investimento.

Malan é gozado. Há uma discussão sofisticada em curso, sobre o papel do Estado, o aumento e os limites da regulação, o significado desse conceito de "estado indutor". Ele simplifica tudo, joga a discussão no valo comum da ideologia rasa - "estado maior" x "estado menor"- e com isso foge da discussão mais complexa. Ora, deixe esse jogo de várzea para os Alexandres Schwartsmans e para os ideológos midiáticos. De um ex-Ministro espera-se algo minimamente mais sofisticado.

Com efeito, o relatório da "growth commission" do Banco Mundial, presidida por um Prêmio Nobel, Michael Spence, enfatiza a existência de governos capazes, confiáveis e efetivos operacionalmente como uma das cinco mais importantes características das experiências bem-sucedidas de crescimento econômico sustentado no longo prazo. "Lideranças políticas de um governo", diz o relatório, "emitem poderosos sinais sobre valores e sobre o que constitui comportamentos aceitáveis e comportamentos inaceitáveis de seus integrantes."

Mesmo para os que acham que "nunca delinquiram mais que o razoável" e que "a virtude não iria longe se a vaidade não lhe fizesse companhia", vale lembrar o que escreveu Adam Smith há 250 anos. "O grande segredo da educação reside em direcionar a vaidade humana para fins pertinentes: o desenvolvimento das qualidades e talentos que são os objetos naturais e apropriados de estima e admiração por parte das outras pessoas."

Em que ponto ele situa a complacência do Banco Central - desde sua gestão - com fundos offshore, com a sonegação fiscal, com a lavagem de dinheiro, com o esquema Araucária?

Às mães brasileiras, que desejam que seus filhos desenvolvam, por meio da educação, os talentos e qualidades que os façam respeitados por quem se dá ao respeito: feliz dia!

Bom, essa homnenagem ele fez à maior mãe que o país já produziu: o Banco Central.


 
 

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sexta-feira, 8 de maio de 2009

A volta da apreciação cambial


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A volta da apreciação cambial

Coluna Econômica - 08/05/2009


O país está entrando novamente na armadilha do câmbio. Aconteceu em 1994, em 1999, depois da desvalorização, em 2003, depois da desvalorização. É um círculo vicioso terrível, pelo qual a grande responsabilidade é do Banco Central.


Em quase todos os episódios, o jogo é assim:



  1. O BC mantém os juros internos muito acima dos juros internacionais. Com isso, atrai dólares que vêm atrás de dois ganhos somados: as taxas de juros e a apreciação cambial.

  2. Com a apreciação do real, as exportações perdem fôlego e amplia-se o espaço das importações. Isso acarreta uma redução dos saldos da balança comercial e amplia o déficit nas contas correntes.

  3. À medida que o déficit se amplia, os investimentos especulativos começam a sair do país. Há uma forte desvalorização cambial que reduz os preços dos ativos brasileiros em dólares.

  4. A desvalorização traz transtornos enormes mas ajuda a reequilibrar as contas – em outros momentos, pela melhoria das exportações; agora, por ter vindo acompanhada de um resfriamento da economia que está reduzindo as importações.

  5. Com as contas externas melhorando, se o BC mantém o diferencial de juros, volta a atrair os capitais que fugiram da renda fixa. Atrás deles vêm capitais para a renda variável, sabendo que ganharão com o chamado efeito-manada, em cima da valorização dos ativos brasileiros e da apreciação do real – que proporciona ganho para que traz dólares.


***


Esta é a lógica que tem provocado essa nova enxurrada de dólares para o país, proveniente especificamente de fundos de private equity – entrando em empresas brasileiras que estão passando aperto com a crise - e em operações de "carry trade" (pela qual investidores tomam empréstimos em determinadas moedas para aplicar em reais).


Esse movimento é influenciado muito mais pelas baixas taxas de juros internacionais e pela recessão aguda na Europa e nos Estados Unidos. E também pelo excesso de dinheiro injetado no sistema financeiro pelos respectivos bancos centrais. As cautelas na concessão de crédito, os receios com os chamados ativos tóxicos, que ainda não foram completamente extirpados do sistema, faz com que essa dinheirama procure o pato da vez. E, aparentemente, mais uma vez é o Brasil. Daí essa profusão de elogios enganadores de porta-vozes do mercado internacional.


***


Já caiu a ficha do BC de que não poderá tolerar outra rodada irresponsável de apreciação do real, como houve no final de 2007. Por outro lado, continua preso a uma ortodoxia exasperante. O caminho natural seria adquirir dólares no mercado à vista, sinalizando fortemente a intenção de impedir a apreciação do real.


Em vez disso, o BC limita-se às chamadas operações de "swap reverso" – uma operação pela qual ele opera no mercado futu...



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Os controles no Bolsa Família


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Os controles no Bolsa Família

Por João Henrique Moreno Serra


Nassif,


Participei durante cinco anos (2003-2008), como prestador de serviços na CEF, do projeto Bolsa Família. Era um dos profissionais de TI que trabalhavam com o sistema responsável pela operacionalização dos pagamentos dos benefícios e interagia diretamente com os gestores e equipes de TI responsáveis pelo SIBEC e Cadastro Único.


Naquele período pude presenciar, e participar, dos esforços do MDS e da Caixa na prevenção e eliminação de fraudes e falhas na concessão e pagamento dos benefícios. Nesta condição, gostaria de tecer alguns comentários acerca do relatório do TCU.


Primeiramente, é que está prevista nas leis, decretos e regulamentações que regulam o PBF a auditoria do TCU que agora veio a público, sendo esta, um dos instrumentos para averiguar e apontar a ocorrência de fraudes e desvios e recomendar as correções necessárias para evitá-las.


Dito isto, vamos ao que diz o relatório. No seu voto (§ 162), o relator diz que o valor de 318 mi/ano "não pode ser encarado como valores que estão sendo, efetivamente, pagos de forma indevida" e que esse valor corresponde ao "benefício potencial de auditoria decorrente de eventual concretização dos indícios e irregularidades …, e da correção destas, por parte do MDS".


São indícios de falhas que ainda devem ser apuradas caso a caso e, se confirmadas, corrigidas. O valor acima não é um valor realmente apurado como dá a entender a manchete da FSP, foi estimado e anualizado com base no número de famílias (312 mil) que estariam recebendo benefícios de forma irregular multiplicado pelo valor médio dos benefícios mensais (§ 160). O valor mensal (02/2008) corresponde a 3,11% da folha e, para o relator, "indica baixo percentual de prováveis desvios e irregularidades" (§ 160).


Um outro ponto, ressaltado pelos auditores no relatório, que pode dar causa a erros e fraudes e implica em falhas não só concessão do benefício mas também na própria auditagem do TCU , é a dificuldade de se fazer o cruzamento dos dados dos beneficiários com outras bases de dados (Receita, INSS, FGTS, Renavam, etc.) devido à qualidade dos dados.


As chaves para se fazer esse cruzamento são os números de documentos que podem ser usados no cadastramento (RG, CPF, Título eleitoral, CTPS), o nome do beneficiário, o nome da mãe, a data de nascimento e o endereço (CEP). Quem trabalha com cadastro sabe da dificuldade de se obter qualidade nestes dados, principalmente no caso de uma população desassistida que, às vezes, nem certidão de nascimento tem. Isso sem contar os erros de cadastramento. Boa parte das falhas apontadas deve-se a supostas duplicidades no cadastro. O NIS (número de identificação social) que é a chave do Cadastro Único é, e foi ao longo dos anos, emitido por vários programas governamentais (INSS, FGTS, etc.) e grande parte da população tem, às vezes sem saber, mais de um (eu mesmo descobri, re...



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Salvando bancos à custa da economia


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Salvando bancos à custa da economia

O teste de stress dos bancos norte-americanos saiu da propaganda e entrou no mundo real: grandes bancos necessitando de capitalização.


A impotência do governo americano para estatizar os mais problemáticos criou o seguinte dilema:


1. Para não abrir mão de suas comissões, os executivos farão de tudo para se capitalizar no mercado.


2. A garantia do Tesouro, de que não haverá quebras, facilitará a captação de recursos. Mas, ainda assim, será um processo lento.


3. A crise bancária será debelada lentamente, mas a capitalização não melhorará o crédito. Pelo contrário, tornará os bancos mais cautelosos ainda, porque estão andando em cima a navalha.


Conclusão, salva-se o capital privado nos bancões, à custa de uma lentidão maior na normalização do crédito e em perdas enormes para a atividade econômica.


Clique aqui para ler matérias do dia.


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quarta-feira, 6 de maio de 2009

O BC e o câmbio

BC e o câmbio por Nassif

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/6/09

A entrada do Banco Central no mercado de câmbio (vendendo swap reverso) não visa preservar o valor do dólar para estimular as exportações, mas minimizar as perdas dos investidores que adquiriram "swap" anteriormente e estavam tendo perdas com a apreciação do real. A análise é do Luiz Sérgio, do Valor:

O Banco Central inverteu ontem a sua rota habitual de intervenção no câmbio e, ao invés de vender dólares, comprou moeda no mercado futuro. Depois de quase oito meses sem comprar dólares, o BC colocou ontem 67,6 mil contratos de swap cambial reverso, com vencimento em 1º de junho. Por meio deles, adquiriu US$ 3,41 bilhões. E, supostamente, impôs um piso à queda do dólar. Como a operação foi desfechada quando a cotação da moeda à vista ameaçava romper R$ 2,10, os analistas entenderam que esse é o preço mínimo tolerado pela autoridade. O BC parece querer evitar declínio muito acentuado do câmbio capaz de atrapalhar as exportações. (…)

O dólar desvaloriza-se pesadamente desde março. Nos últimos dois meses, tombou 7,97%, impondo grave prejuízo aos detentores dos swaps normais, os que pagam a variação cambial, descontada a taxa Selic. Neste ano foram vendidos R$ 16 bilhões desses contratos. Ao voltar a colocar os reversos, o que não fazia desde 29 de setembro, o BC proporciona indiretamente a possibilidade de redução das perdas, já que os novos contratos são remunerados com base na variação da Selic. O risco cambial passa a ser assumido pelo BC. Se o reverso é um instrumento perfeito de oferecimento de liquidez às instituições interessadas em sair dos swaps cambiais tradicionais, é deficiente se o objetivo da autoridade for o de conter a onda de reapreciação cambial.


 
 

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Para 2010: políticas de desenvolvimento

Nassif está inspirado hoje. Politicas de desenvolvimento.

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/6/09

O governo conseguiu avanços expressivos em algumas políticas. Mencionaria a Bolsa Família e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) - como forma de coordenação federativa.

Mas o ponto central - a definição de uma estratégia clara de desenvolvimento - jamais chegou a ser esboçado. Essa deverá ser uma das bandeiras a ser levantada pelos candidatos nas eleições de 2010 - da situação ou da oposição.

Nesse campo, o governo Lula saiu da modorra apenas depois que a crise explodiu. De certo modo, repete a atuação de Fernando Henrique Cardoso, que só se movia quando em momentos de crise - embora recorrendo exclusivamente a apertos fiscais.

Nos últimos anos emergiram duas vocações naturais, o de produtor de alimentos e energia. É pouco. São atividades que permitem acumular capitais, mas seu papel indutor de crescimento e emprego é insuficiente, perto de outras áreas como a indústria de transformação e mesmo a de serviços.

Um plano de desenvolvimento é muito mais. Passa pelo diagnóstico claro das vocações do país, não apenas as naturais, mas aquelas necessárias para o país melhorar a economia, a renda e o emprego.

Até agora o país não definiu uma política de investimentos. O governo lançou diversas políticas industriais que jamais resultaram em ação efetiva porque não encampadas por Lula. Fica-se em uma sucessão de políticas anunciadas mas fincadas apenas em linhas de financiamento do BNDES.

Ao longo dos últimos anos foram anunciados diversos PACs setoriais, o da Educação, o da Ciência e Tecnologia, o da Saúde, o do Biocombustível. Todos eles muito bem elaborados, com diagnóstico claro, definição da interação entre os diversos ministérios, papel de instituições públicas e privadas.

Mas não saíram do papel ou, no máximo, ficaram restrito aos diversos ministérios. Principalmente, não se definiu o cenário geral, a vocação. Há uma enxurrada de estudos produzidos pelo Coronel Oliva, nos tempos em que comandava a Secretaria de Assuntos Estratégicos. Agora, tem-se o Roberto Mangabeira Unger, identificando práticas modernas nos diversos ministérios e estimulando os técnicos a tirarem projetos da gaveta.

Mas ainda não se deu o tiro de partida.

As políticas macro

O principal problema é o total desacoplamento das políticas macroeconômicas. As políticas cambial e monetária caminham como se tivessem vida própria, se não fossem parte de uma estratégia de país. A política fiscal visa exclusivamente manter metas de superávit, andando a reboque a política monetária e sem se pautar por nenhuma prioridade ligada ao desenvolvimento.

Pouco se avançou no campo da desoneração do investimento. Nesses poucos meses se observou o efeito fulminante da desoneração do consumo, impedindo o aprofundamento da crise. Mas foram ações impelidas pela crise.

Países bem sucedidos em políticas de desenvolvimento partiram de um diagnóstico claro sobre o que poderia aspirar. Depois, na definição dos fatores que deveria mobilizar. Finalmente, na mobilização dos diversos agentes respondendo a uma coordenação central.

Para dar esse passo o país já dispõe dos seguintes trunfos:

1. O governo aprendeu a trabalhar de forma coordenada, desde as experiências embrionárias de Clóvis Carvalho e Pedro Parente, no governo FHC, até o upgrade de Dilma Rousseff, aprendendo com a experiência anterior e avançando a coordenação para agentes públicos e privados.

2. O governo aprendeu a ouvir os diversos setores da sociedade, resultando disso programas mais criativos e consistentes. Exemplo disso é o novo modelo elétrico, o novo plano habitacional e as políticas sociais. E também as experiências no âmbito do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).

3. Há um bom conjunto de diagnósticos formulados pelos think-tanks criados pelo governo Lula. Falta acoplar as propostas de longo prazo nas ações de curto prazo.

4. Hoje em dia, Lula conseguiu enquadrar todos os bancos públicos em torno da guerra contra a crise. Essa coordenação será útil para a definição de projetos de desenvolvimento.

5. Finalmente, há o pré-sal abrindo possibilidades inéditas para a definição de novas políticas de desenvolvimento.


 
 

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A maldição do câmbio

A maldição do câmbio na economia brasileira, por Luiz Nassif

 
 

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via Luis Nassif by luisnassif on 5/6/09

O que está ocorrendo com o câmbio e a indústria brasileira? Aqui vai um pequeno roteiro para entender e correlacionar as notícias dos jornais de hoje (clique aqui).

1. As exportações serão fundamentais para garantir o crescimento da indústria brasileira este ano. Sem elas, a previsão é de uma queda de mais de 4%.

2. Para melhorar as exportações, o câmbio tem um papel fundamental. Ocorre que o Banco Central voltou a deixar que ele se apreciasse.

3. Dois fatores contribuem para tanto. De um lado a altíssima liquidez internacional injetada pelos Bancos Centrais dos maiores países. O crédito demorou para se normalizar. Os últimos dados mostram o Brasil menos vulnerável (neste momento) a uma crise do balanço de pagamentos, em função da queda das importações trazida pela retração econômica. Finalmente, há um efeito manada, decorrente da perspectiva de nova apreciação do real. E um Banco Central inerte. Ou seja, voltamos a ser a cereja no bolo do capital especulativo internacional.

4. A única atuação do BC é através de swaps no mercado futuro de câmbio. Ele se compromete a comprar dólares no futuro por determinado valor, equivalente ao atual mais taxa Selic prevista. Em outros momentos, os swaps provocaram ou prejuízos enormes para o BC ou quase quebradeira das empresas. Mas o BC é incapaz de pensar em soluções criativas para conter o câmbio.

5. Com isso, as perspectivas de melhoria das exportações de manufaturados vão por água abaixo.


 
 

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